Chegou o inverno e... A greve escolar continua.

Chegou o inverno e... A greve escolar continua.

As manhãs lindas de sol claro, céu aberto, bem azul agora cederam lugar as manhãs frias, de céu nublado, chuva fina e tardes escuras.

O Outono já se foi, o inverno acaba de chegar e as nossas crianças em casa, ociosas, continuam distantes das salas de aula, sem esperanças, sem perspectiva de quando retornarão as escolas onde deveriam permanecer freqüentes...

Com certeza em seus coraçõezinhos inocentes, sensíveis existe apenas um sentimento: Dor, uma dor inexplicável, incompreendida por elas, mas por várias razões: O abandono, o descaso, o desrespeito aos seus direitos garantidos no Estatuto da Criança e do adolescente. O direito a educação de qualidade para a qual seus pais trabalham arduamente á fim de pagarem os impostos abusivos cobrados pelos governos. Impostos deveriam retornar em serviços de saúde e educação para nossas crianças, mas vejam: Já se vão mais de quarenta dias de greve sem contar a paralisação parcial que deteriorou a qualidade das aulas durante quase todo o ano nas escolas da rede estadual de SC.

Aqui em Santa Catarina, estado rico, de povo abastado de ideologias européias, cultura dos valores materiais onde TER é muito mais importante do que SER os chamados pobres não tem vez. Ricos não usam serviços públicos salvo o de saúde onde podem como já presenciei burlar as normas da fila na madrugada e conseguir agendar no guichê, uma consulta com especialista sem nem mesmo ter que obedecer a regra de passar primeiro pelo clínico. Basta se dirigir ao guichê do posto central de BC ou de outra qualquer cidade, exibindo chave do carro, bem vestido, perfumado e dizer um nome importante de alguém supostamente poderoso da Prefeitura e assim, rapidamente conseguir lugar privilegiado na agenda médica.

Os valores morais e éticos são ainda utilizados pelos pobres, aqueles que fazem questão de viver dentro da civilidade dos bons costumes onde o que é do outro é o do outro e o que é meu, posso ceder se alguém precisa mais do que eu. Ensinam seus filhos a caminharem assim pela vida para que ao crescerem se tornem cidadãos de bem e sejam igualmente respeitados, porém, os espertos, abastados financeiramente, educados em instituições caras de ensino, fazem exatamente o contrário. Desrespeitam a todos, passam por cima de todos e atropelam a todos pelos seus interesses próprios.

Aprendemos então que o BRASIL é mesmo uma terra de bandidos e de ladrões e que só vence quem se integra a essas quadrilhas gigantescas de corruptos, inescrupulosos enquanto que o trabalhador, serviçal, aquele que sua a camisa para levar alimento á mesa e enriquecer os grandes, esse é apenas e tão somente escravo entregue a sua própria sorte justamente no seu país onde o Hino Nacional fala de liberdade e de amor, de esperança e de igualdade. De qual igualdade de qual liberdade, o autor falava em sua estrofe? Pois não há igualdade alguma ou nem mesmo liberdade apenas um jogo abusivo de interesse para o qual o povo nunca se atenta em razão da cultura da submissão. Uma vez submissos á Côrte, para sempre submissos aos soberanos, hoje continuam submissos aos políticos democráticos cuja democracia só é feita para eles.

Quero crer que a tristeza de nossas crianças, ora enclausuradas em suas casas sem esperança, sem escola, se acabe antes do inverno e que na próxima estação, a primavera das flores, as nossas crianças possam desabrochar em sorrisos de alegria entre seus amigos, colegas da pura infância e juntos cantarem o hino da vitória por poderem voltar finalmente as escolas públicas de Santa Catarina.

Que não seja tardiamente, que seja já e que não dure todo o inverno esta maldita greve imposta por professores irresponsáveis, governantes desalmados.