Opiniões de Elisa

Opiniões de Elisa
Nós não conseguimos impedir essa candidatura mas podemos ,todos nós os brasileiros,mentalizarmos em massa para que este governo seja persuadido pelo nosso desejo de uma gestão dígna e justa e que seja tocado para cumprir realmente tudo o que prometeu até o fim do seu mandato,fazendo o que é seu DEVER,governar para todos e não para seus interesses pessoais.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Um bom exemplo a ser seguido

Eu sou de uma época em que plástico era quase inexistente no dia a dia das pessoas.


Recordo-me bem que quando se ia às compras no super mercado, ou nas feiras, levava-se uma sacola, ou uma cesta de casa. Nas feiras, tudo era colocado sem embalagens dentro das sacolas dos fregueses com exceção de ovos que eram cuidadosamente embalados em papel grosso, ou folhas de jornal, revista e amarrados com barbante. Carnes também possuíam um papel próprio para embalagem, pães da mesma forma e nas padarias ou supermercados eram vendidos assim.

Embalava-se arroz, feijão, cereais em geral em sacos de papel. O óleo de cozinha era comercializado em latas. Usava-se quase nada de conservas e quando se usava, as mesmas vinham em embalagens de vidro, como todos os medicamentos e até comprimidos. Não havia acúmulos de latas em lugar algum por que as poucas que se usava, eram recicladas. Raríssimas eram as embalagens descartáveis. Todo o lixo orgânico ia para o quintal, para os pés das plantas, pois todas as famílias possuíam seu jardim, sua horta, sua farmácia natural. Usavam-se métodos caseiros eficazes no combate a pragas, insetos e moscas.

Recordo-me bem que tudo era muito bem aproveitado em todas as residências. Não se jogava fora o lixo orgânico, mas antes este era bem aproveitado. O que servia de comida para animais como galinhas e porcos, a estes era dado como alimento. O que servia como adubo para as hortas e jardins, também era assim aproveitado. Desta forma, tudo voltava para o seu lugar de origem: A terra. Existiam produtos químicos de limpeza, porém, os mais comuns não eram descartados e eram preferencialmente buscados pela população de baixa renda. Em muitas casas, fazia-se sabão de sobras de gordura, de resíduos de gordura de porcos abatidos. As roupas brancas ficavam bem alvejadas se expostas ao sol em cima de um chamado quarador, para ajudar na manutenção da brancura, usava-se uma pedra chamada anil (azul) que era envolvida em um pedaço de tecido e mergulhada na última água do enxágüe. O lixo de casa, aquele que não se aproveitava, como: casca, papel, era queimado e misturado às folhas secas para que pudesse apodrecer e ser transformado em adubo. A terra que se formava por baixo era puramente nutritiva para as plantas por que em baixo desta terra úmida, minhocas ploriferavam, ajudando no processo de adubação.

Havia água canalizada, mas como a vida ainda era bem natural mesmo nas grandes cidades como Belo Horizonte, a maioria das residências afastadas do centro, possuíam cisternas de onde se retirava água pura para regar as plantas, cozinharem alimentos a e até para o banho. Recordo-me que esta água era tão pura, cristalina, quase adocicada. Ela deixava meus longos cabelos macios, brilhantes, maleáveis, saudáveis por que era água natural, pura, sem nenhum aditivo químico como é a água consumida de hoje em dia em todos os lugares.

Tudo que se produzia dentro da propriedade familiar, era genuinamente orgânico. Nenhum produto químico era usado no cultivo de vegetais e nem mesmo para alimentar as galinhas, porcos, patos.

Quem precisava comprar o leite todas às manhãs. Podia escolher em comprá-lo direto do produtor que vendia na porta, em uma carroça. O leite era medido em um caneco, ficava armazenado em Tambores térmicos. O vendedor vendia o leite puro, retirado da vaca na mesma manhã. Todos podiam se beneficiar do alimento puro e quem ainda quisesse obter derivados, fazia manteiga, queijo e até requeijão em sua própria casa, para o sustento da família. As pessoas que gostavam do leite mais leve, sem gordura, optavam por comprá-lo em litros de vidro retornáveis ou no caminhão chamado de vaquinha. Este parava, tinha um tanque, uma mangueira como os caminhões pipa e as pessoas iam com suas leiteiras comprarem quantos litros desejassem. Em outras regiões mais nobres, o leiteiro deixava o pão e o leite na porta das casas ou as pessoas iam até as padarias, quitandas para comprá-los. Alguns anos depois, creio que em 1966 ou 67, a Itambé Usina de leite de Minas Gerais, lançou o litro de leite em saquinhos. Foi quando o maldito plástico veio para ficar, para poluir o planeta. Recordo-me que as pessoas faziam aventais, sacolas, para venderem nas portas a fim de reciclarem aquele plástico pó que estava acostumado a aproveitar e não descartar nada, muito menos um material que não se decompõe na natureza. Quando eu revelo essas coisas para pessoas mais jovens do que eu, me perguntam: Em qual cidade do interior você morava? Eu respondo para espanto de muitos: Morava sempre, desde que nasci dentro da capital mineira. As pessoas pensam erroneamente que este tipo de qualidade de vida só era e só é possível no interior, na área rural de uma cidade bem pequena. Com exceção da criação de porcos que não dava mesmo para ser em qualquer lugar e muito menos em regiões muito privativas, tudo mais era possível. Da plantação de hortaliças, cereais, frutas e até a criação de patos e galinhas. Podia-se conviver bem, tendo uma vida saudável, usufruindo da beleza da natureza, de seus benefícios, respirando ar puro, bebendo água pura, cristalina, da fonte, comendo frutos e verduras fresquinhas orgânicas, comendo ovos frescos e orgânicos também. Minha mãe, como quase todas as mães da minha época, era dedicada ao lar, à boa educação dos filhos, as normas básicas de higiene pessoal, da casa, dos utensílios, ao preparo de uma boa comida. Minha mãe cuidava até da nossa saúde com sua farmácia caseira. Nunca precisei estar em um hospital e nem mesmo num médico por muito tempo, pois nunca sofri enfermidade alguma dessas que acometem as crianças hoje levando até a morte como intoxicação alimentar, contaminação por bactérias por falta de higiene.

É lógico que as latas, as embalagens surgiram logo durante a segunda guerra mundial, nos Estados Unidos quando aprenderam a comercializar comida rápida e industrializada baseada na necessidade dos soldados em combate, porém, até meados dos anos oitenta, não se tinha registrado um acúmulo de lixo tão imenso no planeta, e nem mudanças de hábitos tão destsatrosas que afetariam para sempre a vida da humanidade. Nossas crianças nunca mais teriam vida saudável, natural. Nunca mais uma criança poderia nascer e crescer em contato com a natureza, podendo observá-la na sua imensurável beleza e magnitude. Nossas crianças perderiam para sempre o direito de aprender com a natureza valores tão sublimes que a só ela nos pode ensinar, como o respeito à vida, o valor que há no ar que se respira, a beleza da vida, das cores, da chuva, a vida em todas as suas formas. Quanto mais ricos os seus pais, menos chance tem uma criança do século XXI de crescer num ambiente de equilíbrio necessário ao seu desenvolvimento. Tudo que essas crianças encontrarão ao nascer serão paredes de concreto, de um apartamento luxuoso, máquinas e mais máquinas em forma de computador, TV de plasma, forno de micro ondas, lava louças, lava roupas, seca roupas, e tudo mais de eletro domésticos, eletrônicos além de todos os seus brinquedos, celular dos seus pais e familiares. Até mesmo sua babá será eletrônica. Tudo é máquina no mundo tecnológico em que vivemos até mesmo nós caminhamos para nos transformarmos em robôs. As crianças de hoje, não podem comer comida pura, beber água pura, respirar ar puro, brincar com a terra, com o barro, com as folhas, contemplar os insetos, as aves, as flores. Não podem acompanhar a evolução da natureza como eu adorava fazer quando criança.Eu pude ver a transformação de um casulo em uma linda borboleta por que eu podia todas as manhãs correr para o quintal e observar a metamorfose linda inexplicável daquele bichinho. Assim eu pude ver passarinhos saírem dos seus ovos, pintinhos saírem também dos seus ovos, pude ver a nascente da água na fonte,pude contemplar as cores do arco íris e pude entre tantas coisas lindas que toda criança adoraria vivenciar;comer comida natural,salada quase viva pois era colhida na hora de servir. Foi assim que cheguei aos cinqüenta anos sem nenhuma estria na pele, sem nenhuma celulite, sem nenhum problema ósseo, sem nunca ter fraturado nem um membro por que a alimentação saudável da minha infância, somada a excelente qualidade de vida me ajudaram a manter um corpo resistente, firme, forte e uma mente também brilhante, com idéias fantásticas, registros magníficos armazenados na minha memória sadia. Tudo por que eu fui uma criança verdadeiramente feliz apesar de tudo que me faltava, porém tudo que faltou significou bem pouco perto de tudo que a natureza me propiciou e minha mãe soube aproveitar sabiamente a nosso favor.

Texto de Nilza Pereira em:21/10/2010.

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